ARTIGO DO LIVRO "HOLOCAUSTO BRASILEIRO"

15:00


Foto: Infogeek


Olá galera,tudo bem com vocês? Eu estava meio sumida,afinal estou no final do semestre e tive que focar um pouco mais nos estudos, porém, prometo que nas férias teremos vários posts bacanas. Teremos bastante coisa para falar. E contarei sobre um projeto novo que estou preparando. :)
Hoje o post é sobre um artigo que foi produzido sobre o livro "Holocausto Brasileiro" da escritora Daniela Arbex. 

Esse artigo foi exposto em sala de aula em forma de um jornal,porém  publicamos em forma de um banner.O intuito do artigo foi apresentar a história contada pela escritora na sua obra, de forma rápida para que todos conhecessem.


(Esse foi o"Jornal Gazeta Fox")






Barbacena, o lugar que roubou a sanidade de muitos brasileiros.

A cidade de Barbacena-MG teve capítulos de uma história cercada de atos desumanos que roubou a dignidade, a identidade e a sanidade de muitas pessoas; uma cidade marcada pelo genocídio de 60 mil internos, no então Hospital Psiquiátrico de Barbacena, fundado em 1903, chamado de Colônia; onde pessoas eram submetidas a torturas físicas e psicológicas de modo que 70%  dos pacientes que eram levados ao Colônia não possuíam nenhum diagnóstico médico que identificasse algum transtorno mental.
Mas, o que levou tantas pessoas a serem reclusas no Colônia? Estereótipos de uma sociedade leiga, sem conhecimento algum da vida de um doente mental, uma cidade de moradores humildes sem acesso a informação. Grande parte dos cidadãos de Barbacena eram analfabetos sem a mínima instrução. Mães solteiras, homossexuais, negros, prostitutas, crianças indisciplinadas, alcoólatras ou simplesmente pessoas com alguma dificuldade de relacionamento, ou seja, qualquer pessoa que apresentasse uma conduta fora do padrão da sociedade naquela época era excluída do seu convívio social.
Na maioria dos casos, a família autorizava a internação dessas pessoas na esperança de que fossem curados de algo que nem elas sabiam ao certo do que se tratava, entretanto, em todas as situações havia intervenção política e religiosa nas internações, como delegados e autoridades da cidade.  
Muitos relutavam para não serem levados ao “trem dos loucos”, onde eram transportados e despejados como animais.
Naquele imenso pavilhão que escondia atrás daqueles muros altos uma realidade cruel e devastadora, ali, era a despedida para muitos que jamais sairiam com vida daquele lugar, outros sentiriam a dor de carregar as sequelas emocionais e físicas em suas memórias e que mais tarde viria à alimentar o mercado de corpos e ossadas vendidas para 17 faculdades de pesquisa, sem ao menos questionarem de onde saiam tantos cadáveres com tanta frequência. Mas aquilo só revelava a falta de ética e humanidade com aqueles que eram manipulados pela sociedade.

Um capítulo que será eternizado na cidade de Barbacena, revelado pela jornalista da Tribuna de Minas Daniela Arbex, que ouviu e relatou com cuidado cada história dos sobreviventes deste massacre, juntamente com sua equipe tornou público para o Brasil e para o mundo um cenário desumano e cruel assistido pela psiquiatria antes da sua reforma. Para que hoje o doente mental pudesse ter condições de ter um tratamento digno sem ser alvo de preconceitos e voltar ao conviveu social.
Hoje o antigo prédio colônia é utilizado como museu (Museu da Loucura, Barbacena-MG), onde objetos de tortura são expostos para estudantes de psicologia, psiquiatria e para o público que se interessa pelo assunto. Alguns hospitais ainda estão ativos, porém não utilizam a mesma forma de tratamento em seus pacientes.
Centros terapêuticos são utilizados para tratar esses pacientes e integra-los à sociedade novamente, sabendo que grande parte  perderam o contato com seus familiares. Daniela Arbex registra em detalhes as experiências simplórias do cotidiano neste centro de terapia.
Uma realidade que só ganhou vez e voz, em 6 de abril de 2001 com a aprovação da lei 10.212 Paulo Delgado que foi formulada para assegurar a proteção as pessoas acometidas com transtornos mentais, assim não só o Colônia foi desativado, mais vários outros Hospitais Psiquiátricos que tinha a mesma precariedade no seu funcionamento.


Conversei com Daniela Arbex, escritora de 'Holocausto Brasileiro', onde ela contou como foi revelar a história do holocausto e qual foi uma das histórias mais emocionantes de se escrever. Confira abaixo.


Foto: Redes sociais 
Amanda: Qual foi a sua emoção ao revelar para o Brasil e para o mundo, o ocorrido em Barbacena?
Daniela: Esse foi o meu grande objetivo ao procurar os sobreviventes: contar ao país que o Brasil também viveu um holocausto. Fiquei feliz por tornar essa história conhecida. O compromisso do jornalista é com o resgate da história.

A: Você acredita que somente a falta de diagnósticos para os internos foi o grande agravante para as pessoas serem levadas à Colônia?
D: Não. A cultura do eugenismo, de limpeza social, foi a grande responsável pela tragédia do Colônia. É como se a sociedade dissesse que há vidas que valem menos. Para os poderes constituídos, os internos do Colônia eram os indesejáveis sociais.

A: Mais do que a sanidade, as pessoas perderam sua identidade. E você transmitiu esses fatos aos leitores com humanidade, com respeito. Qual o segredo para descrever um fato como este sem desrespeitar o leitor, e o doente mental?
D: Não há segredos, há apenas preocupação e zelo com a história da vida das pessoas. Os fatos que descrevi já eram fortes demais. Eu não precisava pintar com novas cores. Apenas ouvir o que os sobreviventes tinham para contar.

A: Todas as histórias que o livro relata são emocionantes, mais de todas elas qual a que mais te surpreendeu?
D: Me apaixonei por todos os personagens. Mas a história da Débora, filha da loucura, e do João Bosco, que passou a vida inteira separado da mãe, foram as mais fortes. Elas dão a dimensão exata do que o Colônia fez com essas pessoas ao roubar delas o direito da convivência familiar e do tratamento em liberdade.

Espero que tenham gostado, só queria compartilhar algo que me deixou muito feliz esse semestre é um livro incrível.

  • Share:

You Might Also Like

0 comentários